M V Izquierdo

O Lado Esquerdo dos Blogs ou Aquele Blog Que Tem a Tal da Sacadinha...

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Luzes desta estrela.

Apesar do tom romântico, o poema nasceu de uma frase que me veio há muito tempo, e, há pouco, me convenci de que um conto não se encaixava à ela, mas um poema, sim. A frase de que falei está por aí, não em sua totalidade, mas jogada. Esta não é a forma definitiva deste poema, mas um início; tenho grandes ambições para ela.

Luzes desta estrela

Mas que estrelinha pequenina
Esta que o Céu agorinha deixou
Veio à Vida brilhar mais perto
Daquela que sem saber a desejou

Mas que estrela pequenina
Esta que o Céu nos mandou
Veio voando de rumo certo
Era pequeno o alvo dela, mas o acertou

Mas que estrela pequenina
Esta que o Céu não nos negou
Enegreceu de saudades e choveu
Só para nos esconder que chorou

O Céu, orgulhoso como era
Não deixou o dia amanhecer
Segurou a noite com os dedos
Temeroso da sua estrelinha se perder

Mas viu Ele que que aquilo era um anjo
E que nada mais poderia fazer
Deixou sua estrela com uma menina
Para ela dar à Luz da estrela o seu amanhecer

Agora, aquilo que era estrela tem Vida!
Para das alegrias da Vida padecer
Brilhar de dia e a toda hora
Nos braços daquela que a fez nascer

Com tudo isso a Vida tomou nova importância
Nada ela pode deixar de oferecer
Para quem descobre o brilho infinito
O Brilho da estrelinha que nos ensina todo dia a viver

Que Clara seja nesta Vida
Tão Clara quanto puder
Que Clara lhe seja o alegre amanhecer
Ao Claro eterno, a Clara Virtude de Nascer

Decicado à Maria Clara, a Clarinha, filha da Samara, de 3 meses de idade.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cego horizonte.

Em um desses dias passados há pouco, enquanto eu ia a um dos vários mercados de São Paulo, vi um certo acontecimento que me prendeu a atenção. Uma mulher, uma dessas desajeitadas e apressadas, que andava com uma criança no colo, seu filho, provavelmente, correu para atravessar a rua e acabou sendo atropelada. Atropelamento este banal (por mais triste que isso possa parecer). A criança foi subitamente jogada ao chão, e a mulher, completamente desesperada, voltou à calçada inicial, sentou-se no chão e, apoiando as costas na parede, batia os pulsos na testa e fazia uma conha com as mão; parecia rezar, ou rogar com desespero. Em meio ao tumulto, nada me foi mais extraordinário do que ver um homem (por mais triste que isso possa parecer), desses bem vestidos, de terno, andando pela rua passivamente caótica. O homem, despropositadamente olhava para baixo enquanto andava, e, ao passar ao lado das mãos desesperadas da mãe desesperada, jogou-lhes uma moeda e se foi. Um fato milhares de vezes mais irrisório do que a euforia do público que se indignava com a mãe oradora e apática, deitada no chão, ou até mesmo do que a dor da criança, mas perfeitamente mais comum do que estes.
Da criança nada sei, e nem me atrevo a especular ou adivinhar o estado da mãe; mas o homem sei que vai bem, e feliz pelo autruísmo que exercitara com a ajuda à mulher desesperada e enlouquecida, provavelmente de fome, pensa ele; isto me atrevo a premeditar.
Não só neste fato mora a ironia e o paradoxo. Quantas vezes, nós mesmos, deixamos de olhar para a frente e para o lado ao andarmos, achando que abaixo de nós é que o mundo se instaura.

O acidente está debaixo dos olhos de quem o enxerga.