M V Izquierdo

O Lado Esquerdo dos Blogs ou Aquele Blog Que Tem a Tal da Sacadinha...

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terça-feira, 8 de março de 2011

Ela, que ainda mora dentro dele.

Sempre tive curiosidade de saber o que levou um morador de rua a ser um morador de rua.


Existem tantas histórias mirabolantes: o homem que perdeu o irmão numa mesa de cirurgia; o cara milionário que perdeu tudo e ficou louco; o meticuloso jogador da Sena que perdeu uma bolada, justo na semana em que não jogou os fiéis números da sorte.

Mas Roberto, um homem de rua que vive perto de casa, apesar de não ter uma história tão trágica, também perdeu alguma coisa:

Conversávamos, já que ele passava na frente de casa e é um rosto conhecido, e começou a falar da vida. O dia-a-dia nos confins de Sergipe, a família simples, a dificuldade de ser o caçula (todos têm direito a um problema de classe média). Falou da sua vinda à São Paulo, muito demorada, contou com um brilho nos olhos – que já lhe é natural- os dotes de pedreiro e pintor; mas tudo era trabalho, e nada tristeza.

Mas o brilho nos olhos virou névoa e tempestade, quando ele falou dela:

“Ela quis se separar, né. Aí a coisa desandou”. A mulher o largou, ele perdeu o chão, perdeu o teto também. Aí a história ganhou uma pausa, longa, tão longa que parou.

Roberto leva todo o dinheiro que ganha para a filha, para a ex-mulher e para a ex-sogra, de quem, acredite, gosta muito. Sua história parece tão mirabolante quanto qualquer outra história de morador de rua, porque é verdadeira e amorosa.

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