M V Izquierdo

O Lado Esquerdo dos Blogs ou Aquele Blog Que Tem a Tal da Sacadinha...

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Esse cara sou eu


Ontem, voltando à noite para casa, tocava num boteco de esquina a música do Roberto Carlos, "esse cara sou eu", no último volume.

Nada de errado, até que um bêbado começou a gritar, no meio da rua, enquanto tocava a música, "Sou eu! Sou eu! Sou eu!". Querendo convencer a todos de que o tal cara que a música fazia menção era ele. Não convenceu ninguém.

As pessoas olhavam para o cara, com um misto de vergonha alheia, dó e satisfação.

Não resisti e acabei olhando para o cantor embriagado. Ele olhou para mim e gritou:

"Eu sou 'eu'! Eu sou 'eu'!"

Daí eu fui embora, não aguentei.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Carta ao senhor Noel, o do polo norte

Senhor Noel,

Há uns anos, infelizmente, não acredito mais no senhor (são menos anos do que eu gostaria); mas, por repúdio à débil falta de amor na face humana (vergonha na cara), venho recorrer ao seu poder de assistência para remediar parte da falta de espírito dos que vivem entre nós.

Pois vamos lá.

Eu quero que as pessoas liguem menos para dinheiro. Ou que pelo menos os que ligam muito, tratem bem aqueles que não o buscam incessantemente.

Eu quero que as pessoas aprendam melhor a dar, sem esperar resposta ou troca. Exatamente como este blog opera.

Eu quero, sinceramente, que as pessoas possam rir mais e serem mais elas mesmas sem intermédios entorpecentes. Sem estratagemas torpes.

Quero mais silêncio, para que possam ouvir mais, escrever mais, ler mais; perceber melhor os choros discretos. E quem sabe tatear mais; quem sabe...

Quero mais músicas. Músicas que deem liberdade para solar com os pés e, cuidadosamente, levar o par, e levar, e levar. Porque dançar responde quase tudo.

E que cultivem mais. Porque o cultivo é objetivo da vida.

E, por fim, que leiam este blog, cultivado e dançado com cuidado.

Com carinho,

MVI

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A descoberta

Carros fazem mitose em contato com a água da chuva!

Mistério solucionado.

Agora, de volta ao trânsito.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A fila anda

O Natal deixa qualquer vendedor altamente excitado.

Numa loja de perfumes, horas atrás, as vendedoras, fechadas num grupo, examinam lascivamente os compradores.

Uma delas, a mais instintiva, se joga num alvo, um rapaz de camisa listrada.

- Oi, tudo bem? Você vem sempre aqui? Posso te ajudar?

- Vim ver um perfume, só.

- Sim, claro. Deixa eu ver aqui - ela passa a mão no colarinho do rapaz, como forma de seduzi-lo - Hmmmm, talvez algo amadeirado, que combina com você.

- Não, obrigado. Estou só olhando, mesmo.

Talvez não tenha sido exatamente assim, mas, convenhamos: vendedores, em tempos de natal, parecem homens em balada, tentando a sorte.
Te cercam, querem saber seu nome, se é solteiro, casado, do que gosta; ficam atrás de você e quando você diz "não", simplesmente te ignoram e vão atrás de outro.

Tenso.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

As incompetências masculinas

Faz um tempo, ando percebendo que homens costumam ser incompetentes, por isso este blog se dedica, hoje, a listar as incompetências masculinas. São diversas - ou totais, melhor dizendo -, mas já que é um homem que escreve aqui, vale a pena apenas marcar as inerentes ao gênero, sob condições de vida urbana.

- Pagar conta no banco

- Marcar médico

- Ver necessidade em marcar médico

- Largar o controle remoto

- Se alimentar corretamente

- Entender minimamente as mulheres

- Entender as mulheres em qualquer proporção

- Entender

- Fazer uma boa lista das próprias incompetências

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Histórias de amor

No ponto de ônibus, há uns instantes atrás, duas mulheres conversavam. A morena contava:
- Então, essa minha era simplesmente apaixonada por um cara. Ela ficava só de olho nele, mas nunca chegava.

A loira, desacreditada:
- Shi, lá vem história triste..


- Vai vendo... Até que um dia ele acabou namorando uma outra menina. A minha amiga entrou em choque. Só chorava. Acabaram contando pro cara que ela gostava dele há muito tempo, e ele disse que nem sabia. A minha amiga se arrepende até hoje de não ter se declarado pra ele.



- Que coisa horrível. Já comigo aconteceu algo engraçado também. Eu entrei de férias e liguei o computador de casa, que eu não mexia há muito tempo. Meu messenger atualizou tudo, e apareceram milhares de janelas de conversas.

- Odeio.

- Calma. Eu comecei a conversar com um monte de gente, até que apareceu o Alê, que eu não via há dez anos. Ele perguntou se eu ainda estava morando em Santa Catarina. Eu disse que estava em São Paulo, e ele também! A gente conversou até de madrugada e decidiu tomar um café.

- Aproveitadora.

- Nós nos vimos e ele me deixou em casa. Rolou um beijo. Tá rolando até hoje.


Histórias de amor, ouvidas por aí.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

No escuro

É engraçado como a falta de luz elétrica atrai as pessoas.

Ontem, domingo, fim de noite, acabam-se as luzes. No primeiro instante, uma desagregação: alguns buscam lanternas, outros velas, outros pilhas e isqueiros; outro fica sentado no sofá, esperando a TV voltar a funcionar.

Mas logo depois dessa separação, a união. Todos começam a conversar sobre os motivos da escuridão, "Vizinho, tá sem luz também?", "Será que foi o poste de luz?" etc.

O vizinho aparece, começa a conversar sobre a diferença de preço entre as boas e as más lanternas; "Essa é pra pesca!".

Conversa-se. Conversa-se sobre tudo o mais depois: sobre a vida, sobre a vida no passado, quando iluminar a noite era somente tarefa das velas, fala-se sobre o preço da vida no século XXI: "Luz é bom, mas quando falta, a gente não consegue fazer mais nada!".

E quando a luz elétrica volta, traz novamente a desagregação, "Computador!", "Microondas!", "Chuveiro!", "Televisão!".

E todos voltam à sua rotina, esperando uma nova falta de energia.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sentando com o ego no chão

Sentar no chão talvez seja o símbolo mais forte de desconforto para o ego.

Chão frio e sujo; todos acima de você; braços envolvendo os joelhos; criando uma situação de humildade ou infantilidade, por mais forçada que seja.

Tudo para reforçar que não se é maior que ninguém; relembrar da sua condição de ser humano.

Sentar no chão faz bem.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012