O luto é estranho.
Eu ainda não chorei. E continuo me esforçando para não.
A saudade é estranha.
Queria só dizer 'tchau'. Todo dia à noite. É do que sinto falta. E da sua japona, que era muito feia.
Eu te abracei. Não quis tocar mais você. Já não é necessário.
As lembranças do luto são por vezes fúnebres. A falta de contorno nos seus lábios me entristeceu.
"Olha como ela está em paz". Estou quieto também, e não estou em paz. Estou dormindo e não estou em paz.
Finjo que minha tristeza é pela sua ida. Não é. Sinto um pouco de inveja dela.
Olhar para cá e ver o que foi deixado. Agora essa gente toda é um filme. Ouço você gritando 'foge que é ai mesmo que o ladrão tá!'. É inútil.
O inesperado dói. A espera dói. No fim, é tudo dor. Eu sinto a sua e fico em conflito.
Eu era sensível para as suas tristezas (as secretas), creio que você era para as minhas também (muitas impenetráveis). Nunca te disse isso. Eu entendia você, e acho que você também me entendia. Pouca gente realmente me entende. Pouca gente realmente te entendia. Eu nunca agradeci. Obrigado.
Fiz questão de mandar essa carta pra você. Tem wifi no céu? E morreu.