O
gol era uma parede, e eles revezavam quem defendia e quem cobrava.
Numa
hora, um dos meninos que estava no gol recebeu um chute que bateu bem no canto
da parede.
“Não
foi gol, não foi gol”
“É
claro que foi. Bateu aqui, ó, aqui. Aqui é gol”
“O
gol é só até aqui. Aqui onde bateu nem é mais gol, ô!”
“Nada
a ver...”
Não
havia delimitações, na verdade. Nenhum deles estava errado. O único detalhe é
que a concepção espacial do “gol” crescia ou diminuía de acordo com a vontade de quem dava o chute.
Perguntaram
pra mim “Foi gol ou não foi?”
Pra sair dessa enrascada, e não apanhar dos moleques, falei enquanto saía na pressa “Ninguém fez gol. Vocês não estão dando os onze passos”
Sai andando sem olhar para trás, com medo. Não gosto de me meter nessas coisas. Podiam mandar um chute em mim. Humpf
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