M V Izquierdo

O Lado Esquerdo dos Blogs ou Aquele Blog Que Tem a Tal da Sacadinha...

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quinta-feira, 31 de março de 2011

Histórias de livros.

Eu adoro coisas antigas. E adoro de misturar leitura e antiguidade.


Os sebos são os melhores lugares para, num livro, ler letras impressas e desenhadas, estas pelas mãos de antigos donos. Tudo cheio de vida, de história.

“Celine,
Bonjour! Merci beaucoup pour tout que vous faisiez pour moi.”

Escrito a caneta num livro de coletâneas de Molière. Nem preciso dizer por que comprei este livro, e não outro igual.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A lágrima.

Andar de ônibus terrível. O balanço, o aperto, o ponto que se perde com mínimo de esforço. Mas algo que aconteceu há uns dias me fez mudar de opinião:


“Mas eu não tou querendo te controlar. Eu só queria saber onde você está!”
Diz a mulher loira ao seu affaire, pelo celular.
“Eu só queria te ver, saber onde você está!” Ela consegue se exaltar e manter completa dignidade na voz, como fazem as namoradas.
A amiga morena, sentada ao seu lado, estava, naquele momento, em outro mundo (ou no mundo inteiro), tuitando.

A loira desliga o celular e começa a olhar para o nada. Seus lábios hesitam, tremem.

A morena olha repentinamente para a amiga e percebe seu abatimento.
“Tudo bem?” Perguntou com certo ar de consolação.
A loira nem ouviu. O olhar dela estava longe, o rosto não tinha reação, vagava perdida no nada.
“O que foi?” Tentou de novo.
Ela não respondeu. Mas algo falou por ela:

E o mundo parou no momento daquela lágrima. O ônibus deixou de balançar, ninguém desceu no ponto da rodoviária, ou eu simplesmente perdi os detalhes, mergulhado naquela única lágrima que caía.

As amigas não disseram nada mais, e desceram juntas, algum tempo depois.

E eu restituí certo respeito ao ônibus e às lágrimas.

terça-feira, 29 de março de 2011

Por trás das câmeras.

Trabalhar na TV – atrás das câmeras, é claro-, é muito divertido. Entender que aquela magia do cinema de que todos falam é ingrediente também da televisão, e que tudo nela alguém pensou, analisou, procurou, montou e mandou pro ar – não necessariamente com todas essas tarefas cumpridas.


E quando está no ar, é do público. E quando o público quer alguma coisa...

Por exemplo, tenho um amigo que me traz algumas cartas dos telespectadores, ótimas para ver suas opiniões e vontades.

O público realmente para de fazer tudo para falar bem do figurino da apresentadora, pedir o telefone de um médico que falou sobre endometriose e muitas outras coisas.

As cartas mais interessantes que li foram de uma mulher que pedia uma prótese para a mandíbula – carta triste. Teve uma outra que disse que o ginecologista que fala sobre sexualidade anda falando muita besteira – cadê a moral?. E mais uma que pediu uma transformação, pois quer ficar linda como as modelos do programa!

A TV é assim, sempre interessante, de assistir e fazer.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Vamos nos ver mais vezes!

Engraçado como frases do tipo “Vamos nos encontrar mais vezes” ou “A gente se fala!” ou até mesmo “Ok, tá marcado, duas em ponto” não significam nada... são no máximo um jeito de terminar logo a conversa, ir embora de uma vez.


Mas acho que isso é muito normal no brasileiro. Por exemplo:

No livro Iracema, sobre uma índia brasileira, o Araquém, o cacique da aldeia, recebe uma visita do Martin, o europeu.
Quando ele se vai, Araquém lhe entrega um objeto e diz algo como:
“Este é o ‘presente da volta’. Tua obrigação agora é me visitar de novo, só para devolvê-lo”

Provavelmente era muito normal, entre os índios, frases vagas como as nossas.
Só que, espertos como são, logo inventaram algo para que não ficasse só na conversinha.

É uma ideia.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Diferenças...

Com certeza você já reparou nas diferenças entre homens e mulheres, não é?

Por exemplo no jeito de contar histórias.

Um amigo e uma amiga do trabalho contam o que aconteceu de tarde, antes do almoço.

A versão dele:
“O cara do RH chamou um pessoal para conversar, e até agora a gente não sabe porquê”


A versão dela:
“Ontem à noite, tive um pesadelo terrível e, quando acordei, percebi que alguma coisa estranha ia acontecer. Quando eu cheguei, hoje, ouvi um pessoal comentando que tinha uma mulher que trabalha no RH que tinha chamado uma pessoa do departamento pra conversar, assim, informalmente. E quando ela voltou um monte de gente acabou sendo chamada. Só que chamaram por e-mail, que não explicava absolutamente nada. Eu acabei ficando com medo de me chamarem também sei lá por quê. Por isso eu falei com uma das meninas que não foi chamada. Resultado: Bata os quatro primeiros ingredientes da massa no liqüidificador . Em seguida, misture a farinha de trigo e o fermento em pó. Asse em fôrma tipo para pudim, média, untada e polvilhada com farinha de trigo, em forno a 150°(médio). leve a margarina ao fogo até derreter. Misture os demais ingredientes, mexendo até soltar da panela. Faça furinhos no bolo de cenoura com o garfo e jogue a cobertura ainda quente.
E no final de contas ainda estamos esperando pra saber o que vai acontecer. Ah! Deixa contar o pesadelo também. Foi assim: eu tava num lugar que era meio que a sala da minha casa, mas não era...”


Diferenças, diferenças.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Namorico

Sexta-feira, quase meia noite. A gritaria começa na casa da frente.


“Menina, te mato. Olha a hora que você chega em casa! Você tem 12, 12, 12 anos! Como pensa em chegar a essa hora! 12 anos!”
A menina chora, mas chora mesmo.
“Tava onde, posso saber, heim?! Heim?! Heim?! 12 anos! Tava no ponto de ônibus que nada! Tava namorando! Sua.. sua.. 12 anos!!! Chega de internet, chega de TV. É da escola pra casa! Tá me ouvindo?”

No dia seguinte ela apresentou o namorado à família e agora eles namoram na frente da casa dela. Ele fica lá até meia noite, normalmente.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Análises cotidianas: "o mundo humano"

Metrô de São Paulo - linha azul. Oito horas da manhã.

A mulher entra no vagão. Linda, esbelta, viçosa, com ares de solteira.
O cara senta numa das cadeiras. Meia-idade, vigoroso, excitado, com ares de idiota.

Ela, frágil, tenta, inutilmente, abrir a janela do vagão.
Ele sente o cheiro do suor dela e fica irrequieto.

O cara, num impulso, avança na fêmea - digo, mulher. Ele batalha, bestialmente, com outros homens a chance de manter o contato com a moça. Vence! e abre a janela para ela. Volta para sua cadeira, vitorioso. Os outros se recolhem, aceitando a sua superioridade, e voltam para suas próprias mulheres.

Momentos depois:
O vagão se enche. Uma anciã, pele enrugada, cabelos azuis, com ares de meia hora de vida, chega perto do homem, com dificuldade.
Ele olha fundo nos olhos dela. E dorme. Está cansado ou apenas finge? Nunca saberemos.

O mundo humano é um mundo curioso e perverso.

terça-feira, 22 de março de 2011

Coincidências...

Incrível como a vida tem o poder de fazer com que tudo aconteça ao mesmo tempo, assim meio embolado, não é?

Outro dia, indo para o centro da cidade, encontrei uma velha amiga do colégio (dessas que você nem lembra  mais o nome). Viemos conversando uma parte do caminho e, quando olho para o lado: uma outra amiga; fico até impressionado, tudo muito inesperado. Burlo a boa educação e não apresento uma à outra; nem poderia...

“Sério, é mesmo, administração” e hey! Olha! Caras do colégio! Agora, de carro debaixo do braço, em vez de pastas e mochilas.

Assim, tudo junto; em menos de 10 minutos.
Porque, na vida, quando uma coisa vem, não vem sozinha. Seja boa, ruim ou banal.

Droga, qual era o nome dela?!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Bicycle Race

A Paulista é fenomenal, já experimentou?


Estava andando nela, dias atrás, e mulheres começam a gritar, enlouquecidamente, “Uhul, gostoso”. Meu bom senso me fez concluir “Ok, não é comigo”, apesar de ter sido na minha orelha.

E quando olho para o lado, homens e mulheres andando de bicicleta, na rua Augusta, nus. Um deles, o cara do moicano vermelho, estava numa bicicleta gigantesca. Não sabia se reparava no cabelo, na bicicleta, ou no fato, banal, de ele estar de meia... só de meia.
E a Paulista e suas travessas são assim, fenomenais.

Foto do evento:




Vídeo do evento:

quarta-feira, 16 de março de 2011

Relacionamentos estranhos.

Ontem eu estava na faculdade e vi um casal conversando.

Conversando mesmo. Ele falava de operações de sistemas; ela de decoração de interiores. Mas se entendiam, sério.
Os dois tinham por volta de 40 anos. Os dois usavam uma bela aliança de ouro na mão esquerda.
E a sintonia então. Uau! Aqueles dois não paravam de conversar nem por um segundo.

Começaram então a falar de uma “piranha traidora” do trabalho, como disse a moça.
“Mas viu só o que aconteceu com ela, não dá pra fugir do destino, a vida ensina” disse o cara.
“É verdade, olha a gente. Eu tenho que aprender nessa vida com você, e você comigo”.
“Não é mesmo?”, com um sorriso envergonhado no rosto dele.

Mas então...

“Nossa, olha a hora, preciso ir. Tchau, até amanhã” e a cumprimenta com beijo no rosto.
“Até amanhã. Vê se não atrasa mais, heim!” Puxando a orelha dele.

Nó na minha cabeça.

Ou esses dois são melhores amigos ou eles têm um relacionamento MUITO moderno.

terça-feira, 15 de março de 2011

Cybermundo.

Muito interessante como, com tanta tecnologia, já não é mais necessário sair da frente do PC para nada. Não precisamos mais de papel para escrever a mão; esperar a vez para falar; falar.


Mas eu quero mais.

Seria ótimo poder morar num blog interessante, dar uma passada num site de jornalismo para ficar informado, sair para bater papo com o pessoal no e-mail, almoçar sempre num site de culinária diferente, curtir no facebook um final de semana.

Querer sair da monotonia e navegar por um site de turismo. E se a solidão bater, conferir um site de encontros com aquela pessoa que é a minha cara.

Seria uma vida divertid@.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Violência sem fim?

É incrível (e terrível, também) pensar que uma ação pode ter consequências que não podemos prever.


Final de semana, boteco com os amigos, muitos sorrisos.

Um dos que estavam na mesa recebe um telefonema. A notícia era das piores: um amigo dele havia sido baleado.
Aquela foi uma notícia difícil para o cara. Saiu da mesa, segurou o celular, esperando uma ligação, alguma boa notícia. Não houve até aquele momento.

Fomos embora algum tempo depois e eu saí do boteco com uma sensação estranha; uma sensação de que aquele tiro acertou também, indiretamente, aquela mesa, e as pessoas nela.

E é também estranho perceber como, ironicamente, esse post se encaixou com o penúltimo, infinitamente válido, infelizmente.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Laércio.

Laércio é tão retido, meio calado.

Olha o amigão de Laércio! O está envergonhando na frente das meninas, justo no happyhour. O amigão saiu sem pagar. Laércio paga mais essa.

Laércio sente um enjoo. O que será?

Olha a vizinha que deixa o sua cachorrinha fazer cocô na calçada da casa de Laércio. Ele não reclama. Olha, até recolhe.

Parece que algo pressiona a sua garganta.

O homem que conserta geladeiras está cobrando o preço de uma geladeira para trocar o tal motor. Deixa que o Laércio já está assinando o cheque gordo.

Mas que enjoo terrível, o que será? Não, não... vai vomitar, vai...

Laércio sai pela rua vomitando, palavras. Palavras sujas. Laércio, o que é isso? Deixa de pôr tanta coisa pra fora, Laércio.

Ele corre até a vizinha. Vomita em cima dela. Mas que sujeira no seu portão. A dona até se envergonha! Ai, a cachorrinha pagou por essa, também.

Não, Laércio, olha o pão! Que vergonha, um homem dessa idade! Deixa até o dono da padaria escorregar nesses palavrões jogados no chão e no balcão. “Olha aqui o troco” Blehhhh, essas palavras têm um cheiro terrível! Os fregueses correm.

Não, o amigão não! Poupe o amigão, Laércio! Ele está com as meninas! Não na frente das... OHHHHH! Já foi. O amigão está chocado. As meninas enfurecidas, até elas se sujaram. Palavras de todos os botecos até aquele dia, ali, misturados com cerveja.

Ah, não, Laércio, em mim não, espera, sou só o redator. Não! Já era! Quanta baixaria, Laércio. Respingou em você, leitor?

quinta-feira, 10 de março de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

Vício maldito.

Cafeína é um caso sério. O sentimento de poder, a euforia e a alta na libido, são alguns dos sintomas que desejaríamos que a cafeína proporcionasse. Que nada! Te deixa mais alerta só, com dentes pretos e uma dificuldade de dormir tremenda.

Mas li num artigo que estudos recentes mostram que a cafeína vicia, sim; como qualquer outra droga natural, tipo xarope de maracujá e mel de saquinho.

Estudos com cobaias foram feitas para comprovação da teoria.

Estudante do sexto semestre de comunicação, Lucas, cobaia humana número 32, recebeu doses quase que letais de cafeína, e foi observado como reagia à droga. Perdeu peso, pelo e começou a roer a própria pele, reação característica do estresse, causado pela soma da composição química ao período de provas semestrais.

Numa reavaliação posterior, perceberam que a cafeína não influenciou nos sintomas.

Lucas foi reinserido ao convívio social, após semanas preso a laboratórios químicos e a cybercafés, para experiências de olhares mais antropológicos.

Na primeira semana, consumidor assíduo das máquinas de café, Lucas melhorou seu network e até conheceu uma moça muito simpática, com quem manteve relações casuais, até o bip da máquina.

Já na segunda/ terceira semana, foi observado também um consumo da droga fora do horário de trabalho. Isso equivale, em teoria, a embriagar-se fora do horário do boteco (primeiro traço de dependência).

Na quarta semana, as mãos tremiam, os pés mal sustentavam o corpo, o olhar, o olhar!... como descreveram aquele olhar? Era meio incerto: foi percebido que sua atenção era tão focada quanto a de um peixe dourado.

E assim foi comprovado que a cafeína, sim, deixa... opa. Cinco horas, pausa pro café.

terça-feira, 8 de março de 2011

Ela, que ainda mora dentro dele.

Sempre tive curiosidade de saber o que levou um morador de rua a ser um morador de rua.


Existem tantas histórias mirabolantes: o homem que perdeu o irmão numa mesa de cirurgia; o cara milionário que perdeu tudo e ficou louco; o meticuloso jogador da Sena que perdeu uma bolada, justo na semana em que não jogou os fiéis números da sorte.

Mas Roberto, um homem de rua que vive perto de casa, apesar de não ter uma história tão trágica, também perdeu alguma coisa:

Conversávamos, já que ele passava na frente de casa e é um rosto conhecido, e começou a falar da vida. O dia-a-dia nos confins de Sergipe, a família simples, a dificuldade de ser o caçula (todos têm direito a um problema de classe média). Falou da sua vinda à São Paulo, muito demorada, contou com um brilho nos olhos – que já lhe é natural- os dotes de pedreiro e pintor; mas tudo era trabalho, e nada tristeza.

Mas o brilho nos olhos virou névoa e tempestade, quando ele falou dela:

“Ela quis se separar, né. Aí a coisa desandou”. A mulher o largou, ele perdeu o chão, perdeu o teto também. Aí a história ganhou uma pausa, longa, tão longa que parou.

Roberto leva todo o dinheiro que ganha para a filha, para a ex-mulher e para a ex-sogra, de quem, acredite, gosta muito. Sua história parece tão mirabolante quanto qualquer outra história de morador de rua, porque é verdadeira e amorosa.

segunda-feira, 7 de março de 2011

De volta, de novo.

Um ano e um dia depois, uma reviravolta. Mais uma volta, na verdade.
Escrever agora é diferente do que era há um ano atrás.
Agora é mais atenção. Mais clareza. Mais alegria do que já foi.
Por isso, nos veremos bastante por aqui.

Eu voltei.