Em uma conversa sobre poemas e poesia (esta no sentido de sentimento, lirismo, retórica), tentamos dar nossas ideias sobre este assunto, uma amiga e eu. Acabamos chegando a pensamentos oposto sobre a matéria da poesia: para mim, algo que alcançasse uma tristeza, uma profundeza do ser (ou algo assim), e para ela, algo que também pudesse expressar alegria, além de levar alegria.
Perdoem-me novamente o romantismo e o poeticismo, mas a mim me ajuda muito o treino com as palavras.
Pensei sobre isso e fiz uma tréplica:
A poesia, ao meu ver, são segredos da alma, que assopramos com a caneta no pé do papel. Quem o ouve, estranhando a veracidade da matéria poética, retira das palavras o sentimento escuso do segredo, e não sente a necessidade de traí-lo (ao papel? que inútil o seria!), derramá-lo para outros.
Na folha suja, descaracteriza-se o segredo, sobrando apenas, para o leitor, aquele arroubo de espírito e atrevimento, que somente a intimidade alheia lhe traz.
E quanto ao sentimento de solenidade (amor, amizade, família...) e tristeza da poesia, volto à ideia de segredo: segregar a própria alegria? a troco de quê?
Quem parar para racionalizar um sentimento de excitação e feliz enlevo, perde a chance de gritar.
Aos silêncios da alma, que sobre o hiprócrito silêncio do papel; que mudemos a calada felicidade.
Dedicado à Gabriela cravo e canela.
4 comentários:
Sobre teu bom texto acrescento:"É com bons sentimentos que se faz má literatura". André Gide
É muito bom meditar sobre o fazer poético...
Pois, pois, o que Izquierdo fez.
A poesia, ao meu ver, são segredos da alma, que assopramos com a caneta no pé do papel."
Inspirador!
Clarice Lispector tem uma frase que ao meu ver é a que melhor sintetiza isso:
"Eu vou me acumulando, me acumulando, me acumulando - até que não caibo em mim e estouro em palavras."
Obrigada pela visita!
Possui um belo blog.
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