Quando era pequeno, devia ter uns 4 ou 5 anos, de vez em quando para a praia, na casa de um tio-avô. Com o tempo, reparei que toda vez que íamos de casa, o velho só andava de cabeça baixa.
Era estranho. Ele era muito engraçado, falava com todos e sempre tinha uma peça para pregar você; mas quando saía na rua, virava o Quasímodo: curvado, com cada olho apontando para um lado diferente, chegando até a babar, de tão compenetrado.
Perguntei pra minha avó “Por que ele só anda de cabeça baixa na rua?”
Ela respondeu, para a minha surpresa: “É que há vinte anos atrás, quando seu tio-avô estava andando na praia, ele olhou para baixo e achou um brinco com diamantes. E agora não olha mais para a frente”
Ri muito naquela hora, mas percebi que acabei olhando para baixo também. Me repreendi, mas, vez ou outra, lembro do meu tio-avô, e acabo me pegando olhando para baixo, procurando coisas de diamante.
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