Inverno, alguns anos atrás. Era a minha 10º ou 15º aula de direção, condizente com os graus que faziam fora do carro.
A instrutora era muito simpática, uma alma cheia de paciência. Eu estava no volante, ela no carona, e depois de alguns minutos sem falar nada, começou aquela pressão pra falar alguma coisa. Qualquer coisa. Ela apelou para o tempo:
- Olha! Esse frio todo e essa mulher de camisa regata.
Meu olhar foi de frações de segundos, pois queria me habituar com o fato de ter que olhar para a frente, na hora de sentar num carro, daquele dia em diante. Deu pra reparar que a mulher era bem gorda. E pra falar alguma coisa além de “aham aham”, disse:
- Ela é bem gordinha, né. Acho que ela sente menos frio.
Ela, rindo: - Coitada da mulher!
Eu insistindo: - É sério. A gordura esquenta.
Ela riu novamente.
Tentei argumentar: - Por exemplo os ursos, eles têm bastante gordura, por isso não sentem tanto frio.
- HAha. Mas eles é por causa do pelo. Do pelo. Ai, Marcelo. Você só fala besteira.
A conversa continuou até bem depois do percurso. Não a convenci.
Tem gente que deveria ver mais Globo Repórter.
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