Metrô de São Paulo - linha azul. Oito horas da manhã.
A mulher entra no vagão. Linda, esbelta, viçosa, com ares de solteira.
O cara senta numa das cadeiras. Meia-idade, vigoroso, excitado, com ares de idiota.
Ela, frágil, tenta, inutilmente, abrir a janela do vagão.
Ele sente o cheiro do suor dela e fica irrequieto.
O cara, num impulso, avança na fêmea - digo, mulher. Ele batalha, bestialmente, com outros homens a chance de manter o contato com a moça. Vence! e abre a janela para ela. Volta para sua cadeira, vitorioso. Os outros se recolhem, aceitando a sua superioridade, e voltam para suas próprias mulheres.
Momentos depois:
O vagão se enche. Uma anciã, pele enrugada, cabelos azuis, com ares de meia hora de vida, chega perto do homem, com dificuldade.
Ele olha fundo nos olhos dela. E dorme. Está cansado ou apenas finge? Nunca saberemos.
O mundo humano é um mundo curioso e perverso.
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