Andar de ônibus terrível. O balanço, o aperto, o ponto que se perde com mínimo de esforço. Mas algo que aconteceu há uns dias me fez mudar de opinião:
“Mas eu não tou querendo te controlar. Eu só queria saber onde você está!”
Diz a mulher loira ao seu affaire, pelo celular.
“Eu só queria te ver, saber onde você está!” Ela consegue se exaltar e manter completa dignidade na voz, como fazem as namoradas.
A amiga morena, sentada ao seu lado, estava, naquele momento, em outro mundo (ou no mundo inteiro), tuitando.
A loira desliga o celular e começa a olhar para o nada. Seus lábios hesitam, tremem.
A morena olha repentinamente para a amiga e percebe seu abatimento.
“Tudo bem?” Perguntou com certo ar de consolação.
A loira nem ouviu. O olhar dela estava longe, o rosto não tinha reação, vagava perdida no nada.
“O que foi?” Tentou de novo.
Ela não respondeu. Mas algo falou por ela:
E o mundo parou no momento daquela lágrima. O ônibus deixou de balançar, ninguém desceu no ponto da rodoviária, ou eu simplesmente perdi os detalhes, mergulhado naquela única lágrima que caía.
As amigas não disseram nada mais, e desceram juntas, algum tempo depois.
E eu restituí certo respeito ao ônibus e às lágrimas.
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