Ontem, quando saí da faculdade, já era tarde da noite. Passei a catraca, entrei na Paulista e um silêncio excepcional cresceu. Os carros estacionaram na via, as poucas pessoas na rua flutuaram, e no escadão do Objetivo, conversas e namoros pausaram. Nem mesmo sons de beijos se ouviam. Parecia que o objetivo daquele momento era escutar o saxofonista.
Senti passar pela cidade ideal. Sem ruído, conflito, farol vermelho ou verde. Apenas a ressonância poética e melancólica de um saxofone em Mi menor, por um artista de rua.
O instante durou, infelizmente, instantes. A cidade voltou a buzinar, e o saxofone e a poesia perderam importância. Ou melhor, privilégio, porque a importância é infinita.
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